terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vinho tinto na segunda

Um vinho na segunda pra quebrar a rotina sanguínea. Abri uma garrafa de vinho que sobrou da última festa na Zona Sul. -De Paris, São Paulo? Não. Do Rio. -Mulheres gostosas e carnaval?! Isso. Também há velhinhos nas praças, bandidos, rios fedidos, praias maravilhosas, e mal atendimento nos restaurantes e pizzarias rodízio. Mas não se intimide. Não tenho bebido. Dia de semana é difícil beber(muito). A não ser que esteja festejando alguma coisa. Uma foto que tirei, ou um alto-falante que comprei. É preciso ter força e firmeza pra abrir o vinho. Cortar a capa lá de cima com um saca-rolha, como uma cirurgia de fimose... Ah, que dor! Aprendi nesse domingo. Festejar o vinho! Jim Morrison e Dionísio! Almodóvar e Ronaldinho! -O Gaúcho? Não. O Carioca, barrigudinho... Let the rabbit come out of the cave! Nossa, tá batendo o efeito. Vou beber mais um pouquinho, dar mais um doizinho. O tabaco já tá enrolado para nosso malefeito. Amanhã comer banana, maçã... Beber muita água. O suficiente pra compensar as toxinas ingeridas pelo tato e paladar, e todos os sentidos de ontem à noite às cinco da madruga. Da matina! Quanta rima! Vai rio, ri, flui, deixa ser! Eu sejo, tu sejas, nós sejamos, vós sejais, por tantos carnavais! Rimas como essas tem em montes iguais. Quanto ao balanço do mar, e o do seu coração, permito-me lhe cantar esta canção(cantarola). Que rima de garotinho de convento! Menina virgem! Professora de Religião feia. Baby da Família Dinossauro, e gatinho do Shrek... Quero falar de coisas bonitinhas. Cuti-cuti. Assim eu perco a moral... Invento história. Caralho! Porra! Puta que pariu! Merda! Foi mal. Olha aqui, não quero mandar uma moratória contraditória de palavrões e xingatórias, e muito menos política moralista contra ou à favor do aborto, ou das dietas bulímicas, ou dos dentes tortos da Dilma. Cerra! É apenas poesia! Como jogar uma bola, marcar um gol de placa, ser ovacionado pela platéia do Municipal, contar tudo para a família, e saborear as delícias da vovó, como este vinho, tinto, suave, que está sobre a mesa e dentro da minha boca seca. Para a sobremesa há uvas na boquinha, massagem nos pés e minha cama quentinha. Parabéns pra todos vocês! Pois se ficaram até aqui, é por que realmente gostaram de mim. E, com certeza, vão voltar mais uma vez para prestigiar essas coisinhas lindas, macias e sedosas, ditas aqui. Utilidade pública.

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