quarta-feira, 18 de abril de 2012

Um texto de celular

Será que dá pra escrever aqui nessa joça? Sempre me pergunto isso ao pensar nessa idéia de ter um celular. Um celular novo, pra substituir e trocar aquele antigo, feio e ultrapassado. Pelo menos ele foi doado. Segurou bem a onda. Já foi útil de várias formas e me salvou de várias furadas. O celular, hoje em dia , serve para: fazer ligações, receber chamadas, tirar fotos, ouvir música, gravar vozes e som, enviar torpedos, destruir navios, escrever textos, marcar na agenda, no calendário, acordar cedo, disfarçar algo, entrar na internet, ver os e-mails e ganhar uma namorada. O teclado é melhor do que o outro, antigo e surrado, que pra escrever uma única palavra, tinha que me empenhar um bocado, um mucado mermo, pressionando de uma a três vezes cada caractere, e rezar pra não encostar sem querer naquela maldita tecla errada. O texto que está sendo escrito parece piada, mas é sério. Daqui a pouco será publicado por uma editora gente-boa e impresso de forma errônea num papel areado com fonte Sans Serif tamanho A4. Dignamente escrevo com o mesmo fervor e autenticidade que um escritor comum, porém num século algum com muita informação e possibilidades. Eu posso alcançar o público com um pouco de esforço, sem usar o porém, inclusive sem vaidade. Só maldade. As rimas que vem são aos poucos distribuídas aleatória e ordenadamente pelos meus dedos através deste compacto teclado adaptado para textos curtos e rápidos. Meus dedos largos trabalham e se cansam em apuros procurando, além de tudo, aquela palavra chave.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tá,
tu
viu.
Eu
vi
que
tu
viu
eu
lá.

bom,
vá.

se
te
vê,
vá.
Vê,
vá.
Tá,

vê,
viu?
Vá!

O que foi isso, Amor?

Ela mentiu. Ele pensou. O que não queria que tivesse sido, foi. O pior que podia ter acontecido era pior do que poderia ter acontecido, se realmente tivesse acontecido. Ele pensou mais um pouco. Não queria ter pensado mais um pouco, pois o pouco que pensou a mais já não era pouco demais. Tamanha fantasia. Ela chorou. Ele disse que não. Que tamanha mentira não fosse tamanha mentira dele, e imaginação apenas. Apenas não fosse nada. Não fosse tudo o que era. Tudo. Era tudo antes. Antes era. Ela pensou. Ela pensou na mentira, que poderia ter sido verdade caso não houvesse sido, um dia, lindo. Num dia lindo eles brigaram. Pensaram que tamanho fato, por mais que abstrato, causasse tamanha cegueira. Tanta besteira. Nada que pensaram antes, foi. Já era. Ela olhou nos seus olhos e jurou pela sua família, já que família não tinha. E ele lembrou que era sua família, e que antes tudo era unido. Ele tocou em suas mãos e disse que não contrariaria qualquer coisa dita. Ela pensou. Ele mentiu.

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