Um texto de celular
Será que dá pra escrever aqui nessa joça? Sempre me pergunto isso ao pensar nessa idéia de ter um celular. Um celular novo, pra substituir e trocar aquele antigo, feio e ultrapassado. Pelo menos ele foi doado. Segurou bem a onda. Já foi útil de várias formas e me salvou de várias furadas. O celular, hoje em dia , serve para: fazer ligações, receber chamadas, tirar fotos, ouvir música, gravar vozes e som, enviar torpedos, destruir navios, escrever textos, marcar na agenda, no calendário, acordar cedo, disfarçar algo, entrar na internet, ver os e-mails e ganhar uma namorada. O teclado é melhor do que o outro, antigo e surrado, que pra escrever uma única palavra, tinha que me empenhar um bocado, um mucado mermo, pressionando de uma a três vezes cada caractere, e rezar pra não encostar sem querer naquela maldita tecla errada. O texto que está sendo escrito parece piada, mas é sério. Daqui a pouco será publicado por uma editora gente-boa e impresso de forma errônea num papel areado com fonte Sans Serif tamanho A4. Dignamente escrevo com o mesmo fervor e autenticidade que um escritor comum, porém num século algum com muita informação e possibilidades. Eu posso alcançar o público com um pouco de esforço, sem usar o porém, inclusive sem vaidade. Só maldade. As rimas que vem são aos poucos distribuídas aleatória e ordenadamente pelos meus dedos através deste compacto teclado adaptado para textos curtos e rápidos. Meus dedos largos trabalham e se cansam em apuros procurando, além de tudo, aquela palavra chave.