terça-feira, 28 de abril de 2009

Chegue mais perto de si

De dia me distancio de mim.
Na madrugada somos apenas nós:
Eu e minha alma.
Se não houvesse a minha madrugada,
não haveria a minha arte,
que surgiu entre esses boa noites que já eram dia.

domingo, 26 de abril de 2009

Last names in 5 Minutes

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

A subjetividade do poema

A subjetividade do poema
nem sempre é objetiva.
Este segundo verso
é para encher linguiça.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Maldita Vontade

Tudo o que ouvia era " Squidum-dum-dum". Não aguentava mais. O Suor escorria pelo meu corpo, que forçava contra a corrente de gente que ocupava aquela larga avenida, que nem parecia a mesma se fosse num outro dia. Mônica me chamava. Eu, já alucinado, não sabia se era comigo ou não. Afinal, estava barulhento e com um grupo de amigos. Tinha enchido a cara, porém não suportava mais aquele furdunço. Já era meu quinto dia de carnaval, desde quinta-feira já estava nas ruas vestido de mendigo(não havia comprado fantasia). Eu, que sempre tive aversão a carnaval, tinha decidido que naquele ano eu pularia. Pude ouvir meu nome de longe. Ecoava pelo bloco de loucos que estava à minha volta. Loló, cerveja, maconha, tequila... Já tinha usado tudo, inclusive estava embriagado do cecê dos criolos que dançavam de braços levantados. Já não estava ali. A partir do segundo dia não queria pular carnaval. O motivo, além de tudo, era o término de um namoro que nem havia começado, briguinha de casal. Desesperado com aquilo tudo, e não sei porque, as mulheres não estavam dando mole, como sempre fizeram e faziam há quatro dias atrás quando ainda estava com a Beth. Será que era a fantasia de mendigo? Consegui finalmente me juntar ao grupo. Dancei, pulei, cheguei em mulher, levei toco. Quando menos esperava, uma gata veio me agarrando... - Opa, é hoje! Esfrega daqui, dalí, rolou o clima. Nos beijamos. Suor, muito suor, mas ela era cheirosa, e muito gostosa. As amigas dela estavam doidonas e apressando ela pra irem embora. Uma delas parecia estar puta. Devia ter brigado com o namorado. Eu, feliz da vida enquanto a beijava, bateu uma vontade de mijar daquelas. -Fudeu. Tentei segurar, não deu. Então, tive que me despedir naquele barulho. - Qual seu telefone!? -Hã? - Telefone! qual é?! - Meu nome? Ana! -Hã? -Ah, seu nome é Tânia! -Ana! Qual seu telefone, Tânia!? -Ah! Telefone! Ela, então, mete a mão no meu bolso, pega meu celular e anota um número. Me dá um beijo rápido, diz "me liga" e vai embora. Eu saio correndo em direção contrária ao bloco, a caminho do primeiro muro. Dois dias depois, liguei para a Tânia e, não sei porque, levei um fora. Culpa do carnaval? Ainda bem que estou comendo a Mônica.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sol forte de Meio-dia

Sol forte de meio-dia
vem a chuva e muda o clima
o sol sempre volta a brilhar
a chuva passa e passará

Poesia Presa

Poesia há dois dias
presa no meu peito
então ainda não era
aquele texto de respeito

Vagamente sinto
o efeito que me veio
pensando na melodia
que ainda não me vinha

Portanto não foi feito
o poema descritível
se prendia por todo dentro
dos filtros de adrenalina

Por si só fazia
tamanha redundância
da bem-vinda ignorância
da bela poesia

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Os Pombos da Rua

Hoje eu acordei mais cedo. Antecipei o meu antigo despertador de sino que descansa sobre o criado-mudo há quarenta e cinco anos. Ganhei de presente da minha cunhada, aniversário de casamento. Como costume, acordo todos os dias às cinco e quinze da manhã, antes dos galos cantarem. Desde que me aposentei é assim. Outro dia, um vizinho, garoto, gritou pela janela - Quem é o louco que bota o despertador todo dia essa hora?! Eu fiquei quieto, apenas dei uma risada pra mim mesmo. Desde a partida da minha falecida esposa, eu faço isso. Acordo às cinco, procuro meus óculos para parar o despertador, sento na cama, ligo o rádio, pego o livro que estiver lendo, e me preparo pra sair de casa às seis em ponto. A caminho da praça, passo pela loja de iguarias árabes e compro um punhado de milho. Antes passo no bar pra tomar meu pingado e meu pão com manteiga de cada dia. O Ferreira e seus amigos me olham com cara de pena. Devem pensar que sou um coitado que não tem família. Não me aproximo desses palermas. Me direciono todos os dias ao mesmo banquinho pra dar milho aos pombinhos. São grandes amigos. Tenho certeza que pelo menos uns quinze ou vinte vêm todo santo dia. Tem aquele gordinho preto, tem o marrom e branco, que é manco da pata direita, e um que se parece comigo, solitário, ele é todo branco e vem sempre voando sozinho do alto à esquerda. Tem também um cegueta, um estressado, um sempre bem humorado, e um com o bico inchado que tá sempre apressado. Quase todos correm. Muitos têm anomalias. Alguns com a postura ereta, parecem fêmeas bem femininas que evitam tocar os machos ao ciscar a batalhada comida. Tenho uma estratégia: jogo um grão e espero vir o primeiro. E assim aumento gradativamente a quantidade de milho jogado, é um ótimo exercício de observação. Noto que quando um percebe, mesmo que os outros bem longe estejam, percebem rapidamente. Um passa para o outro, e quando vejo, tem dezenas, centenas... Nem todos se relacionam bem. Uns brigam selvagemente, trapaçeam, roubam, e assim mesmo mantêm a classe. Observo a natureza. Fico lá até mais ou menos meio-dia e meia, quando as criancinhas vêm correndo da escola e dispersam meus queridos amigos de todo dia. De vez em quando jogo xadrez. Jogo por algumas horas, com o pessoal do Clube Francês. Até começar a ver pombos em meus colegas de mesa. E quando passa aquela senhora do 703, mais ou menos às vinte pras três, é o momento para me levantar, pegar um café no Café Palheta, e encontrar a minha Preta.

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