segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Batom vermelho

Estava na noite quando notei que estavam me olhando. Eu estava sozinho, sem amigos comigo. Talvez estivessem no banheiro ou ido embora. O bar estava cheio quando começou a esvaziar, muita gente procurando lugar. O som era jazz...pesado. Era John Coltrane soprando sua alma pelo bar por volta das 3 da manhã daquela noite suada. Amanhã não acordo cedo. E não vou fazer nada, talvez uma praia.
Notei que me olhavam da mesa ao lado.
Um casal simpático, meia idade. Um careca e uma morena de batom vermelho usando mini-saia e botas prateadas.
O careca safado não parava de me olhar, enquanto eu devorava a morena ao lado. O cara só pode ser viado.
- Garçom, tem tequila? Com limão, por favor.
Perguntei “Pode fumar?” já acendendo um cigarro.
Me levantei, peguei o saleiro da mesa ao lado e fui ao banheiro. Tinha um orelhão do lado do banheiro. Tinha que ligar. Senti que naquele bar eu poderia voar, esticar minhas asas, sabia que era um lugar familiar.
A morena foi ao banheiro. Enquanto eu estava ligando para casa pra saber se meu tio estava bem.Ele estava se recuperando de um câncer, bebeu demais e fumou demais, fora os dias em que não fez nada disso mas também não fez nada, ou era isso, ou nada. Ficava de jejum se não houvesse uma cerveja para matar a sede. A morena passou por mim balançando o rabo, e esbarrou, não pediu desculpa mas quando chegou a porta do banheiro feminino ela virou para trás e deu um sorriso com cara de safada. Tinha recebido a noticia da morte do meu tio, estava dividido entre a dor da perda e o sorriso da morena que dizia: - Vem me comer seu safadinho, eu sei que o que você quer eu também quero. Trepar! Com certeza era isso que ela dizia com os olhos. Tentei esquecer o que tinha ocorrido com meu tio querido, e fui fazer o que ele faria, entrei no banheiro feminino. Um cheiro agradável, no masculino não e assim, cheiro de perfume, talvez. Ouvi gemidos vindo do fundo do banheiro, segui meu extinto canibal, atrás daquela presa fácil ,com carne abundante principalmente no lombo, tinha uma bunda arrebatadora. Abri a porta e La estava ela sentada no vaso sanitário com as pernas abertas, a calcinha e a saia arriadas na perna,ela estava se masturbando esperando por mim, falando assim parece sacanagem, mas é verdade, não e conto de fadas nem erótico.
Ela olhou e disse: - que demora, mas você realmente tem faro.
Eu olhei profundamente nos olhos dela e disse uma palavra, somente uma: - cachorra. Parti pra cima, procurei a camisinha no meu bolso, não consegui pegar, o tesão era tanto que não deu tempo, fui com tudo pra dentro, ela gritou.
Gritou alto, mas parece que ninguém percebeu. Eu tapei sua boca com força, ela abocanhou meus dedos e chupou, com muito prazer. Continuamos por mais alguns minutos, tinha me esquecido do tempo, parecia um século.Nós dois sem dar uma palavra, só se ouvia nossos corpos transpirando.quando fomos interrompidos por um barulho alto, parecia de tiro. Ficamos aflitos, ela olhou pra minha cara e disse: -é isso. Eu confuso, coloquei minha calça de volta, e ela se recompôs. Levantou, olhou no espelho, abriu a bolsa, pegou um batom, como se tivesse concluído algo. Saiu cantarolando do banheiro. Eu apenas olhando sem saber o que fazer. Ingênuo, fui atrás dela, ela nem sequer olhou pra trás, e saiu do bar correndo, rebolando e ajeitando a saia. Notei que o coroa safado não tava na mesa. Eu hesitei e tentei alcançá-la, ela entrou no taxi e foi. Ainda atordoado com a cena da gostosa indo embora, percebi que havia uma correria perto do banheiro, o ajudante de garçom discretamente falava com um Coreano ou Japonês,que por trás do balcão apenas sinalizou, balançou a cabeça, não era um simples sim ou não, algo que não deu pra identificar,mas eles estavam tensos.O povo estava distraído, e uns bêbados dançavam energéticos e eufóricos na pista. Eu já tinha esquecido do fato(do barulho), apenas achei estranho e não quis me meter.Me direcionei ao Jukebox ao lado do bar, botei um Chet Baker, “ I fall in love too easily”, que soôu alto e apropriado naquele momento.Eu tava mal, Acendi um cigarro, pedi uma dose de vodka, apoiei com os cotovelos no balcão abaixei a cabeça e viajei com o som... Senti um calor na perna, achei que estava no sonho, demorei um pouco pra perceber que aquilo era no plano físico. Uma voz doce e firme cochichou no meu ouvido :-ei, vamos embora daqui., ela foi me puxando e nem deu tempo de ver seu rosto,estava tonto. Eu a acompanhei, claro. Realmente devia estar sonhando. Fomos embora.A rua estava molhada e chuvosa...Taxis esperavam do lado de fora, entramos em um, tentei me comunicar e ela calou minha boca com um beijo. Tudo ficou mudo. Olhei pra trás e vi sirenes e carros de polícia parando no bar. Ela me agarrou , beijou, interrompeu e falou pro motorista: -Take us to wonderland!

1 Comentários:

Blogger Rafael disse...

A saga da tara canina.

30 de dezembro de 2008 às 09:26  

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