terça-feira, 26 de maio de 2009

Num guardanapo sujo

Notas escritas num guardanapo:
Não fui o único a te usar hoje. Noto que há uma marca de batom. Não ligo, pois sei que foi esta loira ao meu lado quem usou. Será que está acompanhada?
Recordo-me dela pegando-o com o canapé de salmão. Também tentei pegar, mas o garçom me fugiu. Porém logo depois vinha outro. Não me importei em agir indelicadamente: Peguei seis salgadinhos de uma só vez. O elegante garçom me olhou com um sutil ar de desdém, parecia que era o dono da festa e dos salgadinhos. Foda-se.
Coquetel de frutas: seis. Chope: dez. Mulher bonita: um monte, mas minha mulher é a madrinha, tenho que me comportar, embora ela não o faça. Ela me acena de longe, felizinha, dançando com a noiva.
Pra mim o Amor acabou aqui. Exagero? Eu sei. Renata pra mim é uma princesa que foi levada a força por soldados do imperador. Arrancada de meu braços há doze anos. Na época eramos todos amigos: Eu, ela, minha mulher, menos o sortudo com quem hoje se casa. Só pode ser o dinheiro... O cara é feio, gordo e careca. Não é possível! Nosso caso não durou, fui morar no exterior, mas prometi voltar e buscá-la logo depois. Voltei , mas já era tarde. Estava namorando o filho do milionário. Puta festa! Já toquei no assunto de grana várias vezes, mas como artista, teria que esperar a fortuna chegar. Ela fica puta quando falo disso. Hoje, desabafo bebado no guardanapo sujo, e me contento com um amor temporário até me reapaixonar. - Garçom, tem cachaça?

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