terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quando penso em nada

Dia sim, dia não. Sempre me pego pensando na solidão. Olho o relógio e vejo os ponteiros apontando para algum número. Os números não me dizem nada, somente o tempo em que fiquei acordado pensando em nada. Faço as contas, o cálculo, não o renal, mas o cálculo dos minutos, horas e segundos em que não disse nada. Pego o copo e dou um gole n´água. Alguém me disse ontem, ou antes, que o tempo passaria rápido, mas estavam errados, o tempo é vago e calmo, lento e tarda. Não vejo a hora de ver a hora de novo. Não vejo a hora de não ver nada, somente um vazio escuro ou um sorriso no claro. Já é madrugada. O canto da cigarra me mantém acordado, ou seria um sapo? Nessas horas é melhor cantar junto, ou então me levaria pelo canto da sereia, ou andaria pelos cantos da cidade. Teria pena de mim não fosse pelas frases ditas e escarradas. Minha pele irritada pela coceira de nervoso, de novo dou um gole n´água, que no copo, logo não terá mais nada, no próximo gole. A televisão desligada, os livros empilhados e guardados com cheiro de mofo. Não vou abri-los agora, não quero. Tenho preguiça e descaso pelos ditados dos velhos safados que os escreveram nas noites em claro pensando em nada, agoniados com o barulho da cigarra e embalados pelo tabaco dos cigarros. Mais fumaça, menos um no maço. Já é tarde, mas ainda não escureço. Amanhã tem dia cheio, a noite vazia, somente na mente conto algo em voz interior alta. A forma de escrever já não faz questão. A caneta desliza leve e solta até o acaso, até que pare, até agora.

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