quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cadê ela?

Duas e quarenta e dois. Ela não liga, não atende, não dá sinal de vida. Dou umas voltas pelo corredor estreito cheio de paredes brancas com rachaduras nos cantos, que a cada segundo me enlouquecem e me afogam em ansiedade, que saudade! Estou aos prantos. Há algum tempo não sinto meu próprio estado de espírito, aliás, sempre sinto, a não ser que não esteja em condições apropriadas para tal. Meu coração bate alto, a pulsação salta a camisa. Deve haver algum significado na parede branca ou naquelas rachaduras de infiltrações que descem pelos cantos do teto. O piso vermelho de hexágonos lisos me deixa tonto e ainda mais apreensivo, como num filme que venho sonhado há alguns dias. Agonia. Nessas horas há significado pra tudo, nada está de acordo, ela não liga. Portas estão fechadas, noto algumas brechas de luz entre o chão e elas, o silêncio tá impregnado. Não lembro de muitas coisas que tinha falado. Estou realmente ansioso e preocupado pela espera. A espera do inesperado, do incerto... Não gosto de esperar, ainda mais quando não sei se vão ligar. Não gosto disso, mas gosto dela. Lembro das semanas que antecederam esta, os dias que abrigaram nosso estado inebriado, nossos rostos colados, nosso cheiro fundido num só odor que habita até hoje a minha pele, meu travesseiro. Cheiro o meu braço, que, nem com banho do sabonete mais caro se desprende dela. Pra falar a verdade, confesso que não esfreguei com tanta vontade, nem com tanta raiva. Não o suficiente para desmanchar as partículas atômicas daquela menina doce e safada, que estava entranhada em minhas partes imaculadas. Não quero que seja assim. Entre a dúvida de tê-la pra mim ou não, prefiro o cheiro. Não! No final do corredor tem uma janela, e caso ela não abra a porta, eu entro por ela. Os vizinhos me olham pelos olhos mágicos, devem sentir o cheiro dos cigarros queimados, já foram pelo menos uns dez, quinze, fumados. Nossa, nossa história é mais feliz, eu lembro, lembro sim, lembro que falavamos de amor, de viagens, de planos, de sacanagem, de tudo. Tudo com ela era bom. Até nossas brigas eram enriquecedoras, não sobrava nós atados. Se ficávamos entediados com o silêncio? Isto é pergunta que se faça? Isso não alterava nosso estado. Nesses dias, há dois dias que ela não liga, o que pode ter acontecido? Não sou suficiente para que volte pra realidade? Pra minha realidade. Não precisa se esconder nas trevas dos meus pensamentos, não precisa se disfarçar de árvore, pois entre cada esquina há umas cinco ou quatro, e elas jogam folhas em cima de mim. No mais frio inverno do Rio eu lembrarei dela. Até quando não houver mais folhas e galhos nelas. As estrelas no céu, contávamos até nos cansar, paramos no número oitocentos e trinta e quatro, quando pegamos insolação lunar. Não é possível que não tenha mais. O céu está lotado, com quem vou contá-las? Andei bairros, quadras, ruas e praias, e passo todos os dias por aquele banco em que sentávamos, e com a bunda quadrada, ficávamos pensando em nada.

domingo, 18 de outubro de 2009

So not sorry

Okay, here we go again. One more request, one more shot, one more try. Dear reader who is out there reading this letter, without any regret, i humbly dishonor my honor to come here at this stage, this stand and ask for your precious attention, which is extremely valuable and important. I´m not gonna go any further, i´m not going to walk in circles and spend my unimportant time to explain what i have already tried and haven´t been certified that you have certainly understood. The reason why i´m here standing in front of this audience is something i cannot explain in physical words or meanings expressed in printable letters descending from latin expressions. Why the fuck am i losing my time and wasting the tip of my fingers and saliva, if spoken, and why would i care about your little fake eyes? Oh my..here we go again, me, getting lost in my own bullshit, trying to say what i don´t know. I´m so sorry. I´m so not sorry.

sábado, 3 de outubro de 2009

O-culto à...

Na pior das hipóteses: talvez. Só isso que posso te dizer, meu caro. Nem todo dia é dia de santo, aliás, seu santo não bate muito com o meu, e com o dele, e com o dela, e com o do padre. Santo Deus! Ah, meu Deus(com m maiúsculo pra mostrar respeito)! Você sabe que quem chegou pedindo óstia foi vossa senhoria, a senhora cega que vai à igreja todo dia com minha tia. Dai-me paciência, santo! Santo, dai-me paciência! Dai- me! Santo Daime! Vomita que sai. Quem viu a oferenda sendo entregue no mar de Copacabana ontem à noite às três e meia da manhã viu que não foi nada de mais, foi só um barquinho com velas e um ramo de flores brancas, rosas, e arruda, de quem pede ajuda a quem, aquém... Nem importa, nem importaria, nem impotará, se tomasse um gole da cachaça oferecida a Yemanjá, assim compartilhariamos: Um brinde aos orixás, que na pior das hipóteses, um "talvez" viria de mão cheia, carregada, cheia de perfume de lavanda. Ah, por quantas esquinas vou ter que passar, quantos banheiros de boteco vou ter que visitar pra marcar a presença como um cachorro sujo e sarnento, ou acabado de sair da pet-shop, que mija na beira do altar. Shoplifters of the world unite; não, isto não faz parte do discurso, apenas abstraia, exclua do sentido, torne oculto. O culto à santidades teológicas! Nada mais, nada que um padre não resolva, vá ao confessionário e abra a sua boca, conte os podres. Pode sim, Babalorixá diz: "Assuncê num qué sabê...Prucê trazê três charuto e acendê na incruzilhada cum farofa e galinha preta".

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