quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Lavei meu rosto com vodka

Cheguei e ninguém me viu. Olhei pros lados e ninguém olhou pra mim. Pensei que estava abafando, mas não, ninguém. Então resolvi chocar. Tirei a roupa e comecei a balançar( meu pau, em movimentos circulares para ver se alguém olhava). As mulheres olharam timidas e debruçaram nos ombros dos seus namorados. Eles fingiram que não viram. Covardes. Tinham medo de mim, talvez pela cicatriz no rosto e uma longa de cinquenta centimetros no peito. Acharam que eu era louco, que não tinha família ou amigos. Era apenas um pênis rodando em circulos. Ouvi um burburinho lá do fundo, uns caras mal encarados vieram em minha direção. Pararam no meio do caminho, quando parei de rodar meu pau e o guardei de volta na minha samba-canção. Pouco tempo depois, ainda de cueca, comecei a dançar naquela festa a fantasia fantasiosa, estava muito doido e nada importava, estava pouco me fudendo para o que os outros pensavam.-Meu amigo, me vê uma caipirinha, por favor. Com vodka Natasha! Uma loira se aproximou e começou a dançar sexy na minha frente, tocava um tecno envolvente e eu me envolvi. Já estava de roupa novamente e percebi que no fundo não havia chocado, apenas aproximado as mulheres de mim. Logo havia uma rodinha de garotas gostosas a minha volta. - Será que são putas? - Pensei.
Acho que não, era uma festa alternativa que continha pessoas de todos os tipos e estilos. Elas chegaram e começaram a se roçar em mim, dançando um booty-dance, aquelas danças que as mulheres dançam roçando a bunda no seu pau, como nos Estados Unidos, ou como nos bailes funk cariocas. Pois é, faziam uma fila pra dançar comigo, tanto que no final, meu pau já estava dolorido. Augúrio for ver a caixa do meu banco dançando no queijo, quase sem roupa e bêbada como um gambá texano. A festa estava boa, eu já tinha feito a cena, e até os caras mal encarados já estavam sorridentes e dançando sem camisa. O povo já tinha tirado a roupa e, pela pista de dança, que encharcada de espuma, perdia as peças de vestuário, cuecas e calcinhas sujas. No dia seguinte não me lembrei de muita coisa. Tanto que acordei agora, às treze horas, sem memória, e sem documentos. Acho que no copo tinha muito mais coisa. Talvez um Boa noite cinderela, ou outras drogas psicotrópicas. Fui arrastado para todos os cantos daquela boate com cara de Strip-clup de Copacabana. A festa era uma comemoração de um amigo escritor gay. Eu havia prometido que não ia, pois não gosto desse tipo de festa, aquelas que todos ficam loucos e perdidos, e ninguém sabe mais o que é de quem. -Onde estamos? -Perguntei à ela. Ela disse para eu relaxar, que logo estaria no paraíso. Eu fiquei preocupado, mas como havia dito, já não lembrava o que era de quem, e onde estávamos. Um quartinho escuro com luzes neon e black lights, daquelas que deixam os dentes e olhos fluorescentes quando apagamos as luzes, tinha garrafa pra todos os lados, uma mesinha de centro e um sofá enorme no canto, para onde fomos.
Pelo menos umas cinco ou seis pessoas se escoravam na mesinha de centro, onde havia todos os tipos de drogas, e pelo menos um tijolo de cocaína, o suficiente para deixar qualquer um louco e tarado por horas. Não me importava, no dia seguinte não faria nada. Ela me levou a loucura, tirou minha camisa e desabotoou todos os botões existentes em mim e nela. Parecia que estava se amostrando para os zumbis que estavam na sala, quarto, ou sei lá o que. -Foda-se. -Pensei. Olhei um pouco preocupado para a cara deles, mas não consegui identificar algum tipo de expressão humana, aliás , todos os rostos estavam desfigurados, e minha mão derretia em seu corpo lânguido e sensual. Perguntei seu nome inumeras vezes e ela apenas sorria, sempre. Como se fugisse, desconversasse a idéia de alguém ter nome. Naquele lugar, naquele momento, naquele escuro hipnotizante não precisávamos de nomes. Eu então a chamei de Natasha. Talvez pela quantidade excessiva de garrafas de vodka Natasha que havia no meu campo de visão, que não era vasto. Acordei com a cara toda branca embaixo da mesinha de centro com cocaína. Olhei para cima e vi narizes, pessoas e tubinhos para inalar o pó branco que alucina. Demorei um tempo para perceber que aquilo não era sonho, tentei acordar, mas algo me prendia ali na minha mente. Depois de fazer uma força sublime e extraordinária, consegui me desprender do pseudo-sonho-teto-preto-overdose-sexual que havia me metido, levantando a cabeça com toda força e quebrando a mesinha de vidro. O sangue escorreu pela minha testa, as pessoas-zumbis olharam pra mim e já vinham me escorraçar com todas as forças quando me levantei de forma sobre-humana e olhei nos olhos deles. Eles se curvaram e voltaram a farejar, como cachorros acoados, o pó que havia caido no chão, e pela minha testa o sangue escorria até a boca com gosto de ferro. Procurei por Natasha, encontrei a garrafa. Entornei em minhas mãos, fiz um gargarejo e lavei meu rosto com vodka. Procurei a saída enquanto os tamanduás cheiravam o chão e estavam distraídos.

1 Comentários:

Blogger Esses Moços - o longa. disse...

Oi Léo. Gostei muito desse conto.

Parabéns, flui bem.

Aos pouco voltarei para ler mais.

abrc

Araripe

31 de março de 2010 às 07:12  

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