sexta-feira, 28 de agosto de 2009

In-explicável

-Quando estou pensando, e no meio dos pensamentos, pensamentos me levam a um pensamento, é por que?
-Talvez algo importante pra você.
-Mas e se esse algo importante ainda não for tão importante assim? No sentido de tempo...
-De tempo?
-É.
-É sentimento?
-É. Ainda não o tenho em mente há muito tempo.
-É mulher?
-É.
-Tá apaixonado.
-É?
(...)

Nervos Adocicados

Versos para encantar-te
são estes que saem
e ardem de tanto querer
Só o que penso ninguém mais sabe
mais que eu por você
Assim sejam minhas visões
pra você, doce mulher
Vista com os olhos mais vividos
e bem pequeninos quando te vejo
e abro logo um sorriso
Abra a porta e veja
um campo florido
até onde a vista alcançar
Até onde as asas do meu coração voar
Até o final do bocejo
de um dia cansado e difícil
de passar por sua ausência
Mas sei que logo
antes que tudo aconteça
você vai chegar
para afagar os músculos tensos
e as ondas turvas dos meus desejos
e tocar com bocas
as extremidades dos meus nervos

Agora, Atrás

Tô num momento
que eu que sei
que sou que sei
que sim.

Olho pro vento que vai,
que vem, que foi,
que toca em mim.

Sabe, te digo tudo,
tu sabe nada,
mais tarde arde,
mas...

Falo contigo e choro
de nada mais
que digo agora
atrás.

sábado, 22 de agosto de 2009

Despindo a dor da vizinha

Mais um olhada. Só mais uma não mata...Uma olhadela daquelas que não tiram pedaço, vai... Isso não vai dar em nada... Olha a vizinha ficar pelada. Os peitões que todos os dias às sete e trinta, mais ou menos, se despem em frente ao espelho da porta do seu armário feio. É exatamente a hora em que minha namorada liga porque chegou cansada da aula de yoga que tem feito desde a semana passada. Ou seria Inglês? Ah...Não vou atender agora, para não perder o espetáculo. Ai, que mulher tarada...Por mais que não queira, deve saber que é observada pela vizinhança inteira. Vejo nos olhos dela quando passo todos os dias pela janela da escada e a vejo enrolada na toalha. O Zé que falou pro Caio que ela tinha hora e momento exato pra tirar de dentro da bolsa uma navalha que compra pontualmente às quintas-feiras na farmácia, após voltar do trabalho. Raspa a buceta de perna aberta na varanda de sua casa, se preparando para o fim de semana e as festas que rolam à noite nas gafieiras do Centro, nos sambas de quadra, ou no Baixo Gávea, onde a safada, desde a briga com o ex-marido, que um dia trouxe flores e chocolate de baixa qualidade, procura meninos e meninas por volta dos trinta para dar um trato. Paulinho, o filho-de-bicheiro-ex-peguete-canalha da filha da tarada, beberrão de primeira e comprador de camisas e sapatos usados e perfumes com cheiro de álcool, informou aos rapazes, que o motivo da separação foi a ilusão.”Explica isso direito.” – disse Sérgio, nosso amigo e ex- nerd, hoje funcionário público que trabalha de 7 às 7, naquele prédio(...) Aquele onde era a antiga Telerj, sabe?

-Ele ainda é nerd. Paulinho, o sujeito malandro, disse que aquela loirinha, filha da vizinha ao lado, que quando criança jogava queimado e deixava escapar os seios ao lançar a bola, para atiçar a criançada, e claro, alguns marmanjos que desciam só para brincar na rua, onde a menina estava. Me refiro à filha da “safada”, que após a separação, coitada, foi morar em São Petersburgo com a tia, e estuda teatro numa escola à beira do Rio Neva, e aos sábados pode banhar-se nas praias do Mar Báltico, e parece que anda fazendo papéis principais em uma espécie de pornochanchada russo e ainda vem todo ano ver sua família desnaturada. Pena que está usando drogas e só quer saber de atores Globais ou homens muito bem pagos. Vejo pelas máquinas estacionadas em sua garagem durante suas férias, que é no mês de março. Seu pai, o homem de quem havíamos falado, na época, era professor de matemática e sempre bom marido, havia sido efetivado para dar aulas no Fundão. Muito longe de casa, chegava tarde e cansado do trabalho, onde junto com ele, mulheres de meia-idade trabalhavam. Sua mulher, a tarada, começou a desconfiar da pedagoga coordenadora, que, do nada, um dia às 4 da madrugada, liga e pergunta onde ele estava. Pouco sabia que a pedagoga feiosa e mal amada, com cabelos desgrenhados, era feia e mal amada, e ainda fazia sessões diárias de psicólogo e se tratava com um renomado psiquiatra. Depois daquela situação inusitada, mal-entendido, e daquela caixa de chocolates vagabundos e flores amassadas, ela ficou completamente mudada. A ilusão tomou conta. Ficou louca. Geminiana, imaginou coisas, pegou em facas e queria descontar da forma mais apropriada: Um dia fez uma reforma em casa e deu pra todos os pedreiros e operários até o marido chegar, cansado, de um longo dia de trabalho na afastada universidade. Do prédio onde moro dá pra ver sua fachada, janelas laterais dos quartos de dormir e área de serviço. Vejo as brigas, conversas amorais, buceta raspada, portas cerradas com muito vigor, mas que com muito amor, inspiram este garoto que, aos dezoito anos, espera ficar mais velho pra tirar, não só com os olhos, as roupas da vizinha e da dor.

domingo, 2 de agosto de 2009

Psico-análise

O risco de absorver uma bobagem propriamente dita é realmente imensurável. - disse ele após conversarmos sobre todos os assuntos pertinentes ao horário, que não era tão tarde assim. Aliás, estava marcado pra mais cedo. O papo que temos é sempre sobre o que faço ou deveria fazer ou o que não faço e não deveria fazer, ou não nessa ordem. Mas sempre o mesmo papo: de bar, de mulher, de dinheiro, de arte...De futebol, não mais. Não pago um analista pra falar de futebol. Se bem que ultimamente quem mais tem falado é ele, pois se separou da mulher há alguns dias, e mal consegue comparecer são ao consultório. O consultório mais parece um quarto de garoto: Um aparelho de som de última geração, um laptop com zilhões de músicas e conexão de internet wireless, uma televisão High-definition, um aparelho de DVD, um video-game, revistas, livros, filmes, um mini-campo de golf, um chafariz, e vários quadros de pinturas surrealistas e abstratas, ou fotos, sem contar o frigobar recheado de bebidas de todos os tipos, inclusive Coca-cola... São oitenta horas mensais, isto é: vinte semanais, e quatro diárias. Tive que fazer um intensivão depois de desfigurar um marmanjo de 1,90 de altura. O cara cismou que eu estava olhando pra sua mulher na fila do cinema, é mole? Eu, na fila do cinema, feliz da vida com a minha namorada, e o marmanjo me encarando. Eu perguntei qual era o problema, e ele perguntou se eu tinha perdido algo. Eu falei: Não, mas ela, acho que sim. - apontando pra a sua namorada. Minha mulher ficou meio sem saber o que fazer, mas me entendeu. Ele tirou satisfação com a mulher dele, que de fato estava olhando pra mim, e partiu pra cima. Eu esquivei e dei uma banda sutil( ele não esperava por aquilo). Esperei o levantar e, com calma, apontei-lhe o dedo na cara e apliquei o soco de uma polegada com poder aplicado. Caiu. Creio que marmanjo não contava com minhas técnicas de Jeet Kune Do, absorvidas através do mestre-Dragão Bruce Lee. Hoje em dia, se vejo alguma confusão, logo me afasto. A última coisa que quero é perder meus dentes, e não posso contar sempre com as lições de como ser gente do meu analista perturbado. Que horas são, hein?

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